é preciso mudar o homem

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Milhares de anos já se passaram desde que o primeiro homem aproveitou-se do trabalho do vizinho para lucrar, e até agora nada mudou. Civilizações e Impérios surgiram e desapareceram. Guerras, fome e miséria acompanham a humanidade desde então. E nada, absolutamente nada, mudou.

Culpar a quem senão ao próprio homem? Propostas surgiram, mas jamais alcançaram o bem-estar. O homem continua só e solitário. A batalha do dia-a-dia não lhe permite raciocinar. E o que é a batalha do dia-a-dia senão outro tipo de guerra? O que é a exploração do homem pelo homem que não uma escravidão disfarçada?

O que fazer? Essa pergunta já foi feita e deu no que deu. Outra pergunta: É possível mudar o sistema sem mudar o homem? É a História quem responde essa: nada feito.

Mudar o homem, eis a solução. Mas de que forma? Alguém tem alguma idéia?

Diógenes perecebeu isso há 2.500 anos atrás, quando lhe perguntaram a razão de andar com uma lanterna acesa durante o dia, respondia: procuro o homem. Platão fez algumas sugestões. Aristóteles também tentou. Os utopistas cansaram de oferecer alternativas. Thomas Morus dirá que o decapitaram e depois o santificaram, tudo obra do animal homem. Até Marx foi enganado, porque acreditava no homem generoso e solidário.

O resultado todos conhecem. Então não haverá solução?! Claro que há. Ela começa por você!

meu marx é diferente.

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A propósito da atual crise econômica e financeira do sistema capitalista a obra de Karl Marx ganhou um novo enfoque. Mas muito do que se escreve e diz revela um desconhecimento (ou ignorância) absurdo. Falam de Marx, mas, aparentemente, nunca o leram. Quanto mais estudaram-no. O resultado é uma deturpação objetiva do seu pensamento.

Por isso digo: o meu Marx é diferente.

O meu Marx é o que converteu a utopia em pensamento político e este em ação revolucionária. O que descobriu as leis objetivas do desenvolvimento social e provou cientificamente a inevitabilidade da superação do capitalismo e do triunfo do socialismo. O que analisou a vida social como algo que está em permanente movimento. O Marx determinista, mas não fatalista.

O meu Marx é o que reelaborou criticamente todas as melhores conquistas do pensamento humano no domínio da filosofia. O que considerou que na sociedade, como na natureza, existem nas situações e nos fenômenos relações objetivas de causa e efeito. É o Marx da afirmação: "Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é transformá-lo". Ou de "A nossa teoria não é um dogma, mas um guia para a ação". Ou, ainda, o da constatação cem por cento atual de que "as ideias dominantes de um tempo foram sempre apenas as ideias da classe dominante". É o Marx da dialética como método de conhecimento e transformação do mundo. Da prática como fundamento e fim do conhecimento. Do conhecimento como reflexo do mundo objetivo.

O meu Marx é o da análise do capitalismo e das leis fundamentais da reprodução do capital que se revelam de uma evidente modernidade. Como a lei do valor e a teoria da mais-valia, que esclarece os mecanismos da exploração capitalista. Como a lei da baixa tendencial da taxa de lucro, que o capital tudo faz para contrariar e que determina a "financeirização" crescente da economia. Como a lei da pauperização relativa, que desvenda as causas de fundo inultrapassáveis pelo capitalismo das crises de sobreprodução.

É o Marx da globalização teorizada: "A necessidade de um mercado em constante expansão para os seus produtos persegue a burguesia por todo o globo terrestre. Tem de se fixar em toda a parte, estabelecer-se em toda a parte, criar ligações em toda a parte." Ou: "A burguesia, pela sua exploração do mercado mundial, deu uma forma cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países."

O meu Marx é o da a teoria do socialismo científico. O da missão histórica e papel dirigente da classe operária na transformação revolucionária da sociedade, pondo fim à milenária exploração do homem pelo homem e abrindo caminho à história verdadeiramente humana de todos os homens. O da teoria da luta de classes: "a história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes". O de: "o moderno poder de Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa". O de: "as proposições teóricas dos comunistas de modo nenhum repousam sobre ideias, sobre princípios, que foram inventados ou descobertos por este ou por aquele melhorador do mundo. Elas são apenas expressões gerais de relações efetivas de uma luta de classes existente, de um movimento histórico que se processa ante os nossos olhos."

Como Marx refere, no prefácio à primeira edição de O Capital, "a sociedade atual não é nenhum cristal fixo, mas um organismo capaz de transformação e constantemente compreendido num processo de transformação".

Espero ter demonstrado que o meu Karl Marx é efetivamente diferente das baboseiras que por aí se vão lendo ou vendo. Não lembro o dono dessa frase, mas vou compartilha-la... "se isso é marxismo, eu não sou marxista.".